terça-feira, 7 de junho de 2011

Centenário do nascimento de Manuel da Fonseca


Nome maior do neo-realismo literário português, Manuel da Fonseca é um escritor com lugar próprio e comunicante com o seu tempo e com a tradição literária.
Foi um extraordinário contador de histórias, qualidade que melhor se expressou na escrita de contos, romances e crónicas.
Nascido em 1911, Manuel da Fonseca iniciou a sua vida literária no fim dos anos 30, com a publicação em diversos periódicos ligados à oposição ao Estado Novo. São de sua autoria livros como "Rosa dos Ventos", "Cerromaior" e "Seara de Vento" – consideradas obras-primas do romance moderno.
No Centenário de Manuel da Fonseca, o Museu do Neo-Realismo, em Vila Franca de Xira, apresenta a exposição “Manuel da Fonseca, por todas as estradas do mundo”, que pode ser visitada até 9 de Outubro. Se clicar na imagem de cima terá acesso ao site do Museu do Neo-Realismo e obter mais informações sobre a exposição.
Aqui fica um dos poemas escritos por Manuel da Fonseca:

Antes que Seja Tarde

Amigo,
tu que choras uma angústia qualquer
e falas de coisas mansas como o luar
e paradas
como as águas de um lago adormecido,
acorda!
Deixa de vez
as margens do regato solitário
onde te miras
como se fosses a tua namorada.
Abandona o jardim sem flores
desse país inventado
onde tu és o único habitante.
Deixa os desejos sem rumo
de barco ao deus-dará
e esse ar de renúncia
às coisas do mundo.
Acorda, amigo,
liberta-te dessa paz podre de milagre
que existe
apenas na tua imaginação.
Abre os olhos e olha,
abre os braços e luta!
Amigo,
antes da morte vir
nasce de vez para a vida.

Manuel da Fonseca, in "Poemas Dispersos"



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